ARIOVALDO RAMOS
“Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” (Rm 3.10-12).
Sendo essa afirmação verdadeira, como se explica o mundo?
Há progresso; amizades continuam a existir e a ser formadas; o amor continua sendo sentido e buscado, gerando encontros, famílias; há sede de justiça; há fraternidade; há solidariedade; há o senso do belo; enfim, os seres humanos ainda perseguem a ética, a liberdade e a vida.
De duas, uma: ou Paulo se equivocou ou Deus fez algo que alterou significativamente a condição humana.
Deus fez algo!
Os teólogos da reforma protestante chamam isso de Graça Comum, que - fruto do sacrifício de Cristo - é o poder de Deus para dar ao ser humano condições mínimas de qualidade espiritual, ética e moral que tornam possível a sobrevivência da humanidade na história, o que é necessário para que a história da salvação se complete. Já pensou se a iniqüidade humana tivesse impedido a humanidade de chegar até ao que Paulo chamou de plenitude dos tempos, o tempo da chegada de Cristo? Sim, porque iniqüidade tem limite, como o dilúvio o demonstrou.
Paulo falando do relacionamento de Deus com os que não o adoravam nem o conheciam, descreve essa graça: “Contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria.” (At 14.17). Deus garantiu condições de sobrevivência e de existência. Por isso, por exemplo, vale a pena ensinar, pois, por causa da graça comum, os homens têm condições de aprender. E isso é verdade para todas as possibilidades humanas.
Para a sua meditação: Envolver-se na promoção do progresso humano é cooperar com Deus na manutenção da humanidade na história.
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